Obesidade Infantil e bullying

 Numa sondagem divulgada hoje pela Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI), 65% das crianças obesas portuguesas já sofreu de bullying em contexto escolar e que uma em cada 5 crianças obesas portuguesas foi vítima, pela primeira vez, de cyberbullying durante os meses de confinamento.

As crianças sempre foram "mazinhas" umas para as outras, a evindeciar as características físicas dos colegas, ou porque são gordinhos, ou muito magros, ou baixos ou porque usam óculos, mas nunca com a maldade que agora se presencia, muito se devendo às redes sociais, porque permitem insultar à distância, no anonimato e com a cobardia associada.

As crianças obesas vão sentindo, em várias etapas do seu crescimento, desconforto pelo facto de terem excesso de peso, seja pela imagem corporal, pelo cansaço que as impede muitas vezes de brincar ao mesmo ritmo dos amigos, seja pelo facto dos amigos, colegas, irmãos, pais,..., estarem sempre a fazer comentários sobre o seu peso.

Este problema pode e deve ser combatido em várias frentes:

- Trabalhar a auto-estima de todas as crianças, pois muitas vezes as crianças que "agridem", têm elas próprias questões por resolver;

- Ensinar o respeito mútuo, a compreensão e a interajuda;

- Promover educação alimentar e estilos de vida saudáveis em ambiente familiar e escolar, pois as crianças até à idade escolar copiam os hábitos (bons e maus) dos outros;

- Fomentar o espírito crítico nas crianças, para que contestem, procurem informação e tomem decisões fundamentadas.


Tenho colaborado com o Colégio Quinta do Lago, nos últimos 3 anos, e apercebi-me, que mais do que sinalizar situações de obesidade, que por si só pode ser um precursor de ataques, o importante é dar informação sobre alimentação e nutrição, discutir, tirar dúvidas. Trabalhar com todos os elementos do universo escolar, para que as escolhas sejam mais saudáveis, agora e no futuro... 

... E estar disponível, disponível para ajudar as crianças que procuram ajuda, para as ouvir sem condenar, procurar soluções juntamente com a família, tratar da doença que é obesidade, mas nunca esquecendo que está uma criança emocionalmente fragilizada junto de nós, que precisa de ganhar confiança para ser feliz, se divertir e crescer de forma saudável!

O retorno é sempre o maior conforto para o meu trabalho. Ter crianças que verdadeiramente aprendem a fazer melhores escolhas, promovem muitas vezes alterações nas rotinas alimentares da família e que gostam de te ouvir e questionam, questionam muito e sobre muita coisa é um ótimo indício de que o trabalho está a ser bem feito. E por isso, vou continuar...

Todas as crianças merecem crescer saudáveis e felizes!



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